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Crónica de Francisco Guerreiro

Crónica de Francisco Guerreiro
A barbárie da tauromaquia

Sex, 24/03/2023 - 09:52

Na última semana, devido a um prolongado e difícil processo de pressão, conseguimos que houvesse no Parlamento Europeu um debate sobre o comprometimento da União Europeia (UE) em torno do bem-estar animal.

Na última semana, devido a um prolongado e difícil processo de pressão, conseguimos que houvesse no Parlamento Europeu um debate sobre o comprometimento da União Europeia (UE) em torno do bem-estar animal.

A maioria dos deputados e das deputadas, pelos menos os razoáveis e racionais, falaram da importância das medidas propostas pela Comissão Europeia para a melhoria do bem-estar animal e do esforço conjunto da maioria das bancadas em promover uma transição para um sistema económico, social e produtivo mais amigo dos animais (falo sobretudo dos animais produzidos e mortos na indústria da pecuária).

Eu preferi questionar a coerência da Comissão na constante omissão ou desculpabilização do seu papel na manutenção da indústria da tauromaquia. É que se por um lado o artigo 13 do Tratado sobre o Funcionamento da UE define os animais como seres sencientes merecedores de protecção, o mesmo artigo esmaga esses direitos em prol de supostas tradições dos Estados-membros.

Apesar desta barbárie estar circunscrita a Portugal, Espanha e França, a Comissão Europeia esconde-se no artigo 13 e inibe-se de travar a presença de menores em eventos tauromáquicos, recusa terminar com o financiamento destas actividades com dinheiros da Política Agrícola Comum e mantém-se em silêncio quando touros bravos são mortos no meio das arenas para o prazer sádico de quem assiste a esta aberração. Mas também os partidos e grupos políticos que apoiam esta barbárie devem ser alvo de crítica pois enchem a boca para falar populisticamente dos direitos dos animais, mas depois promovem activamente a tortura destes dóceis seres em eventos medievais.

Para mim é claro. É tempo de a Comissão Europeia deixar de se esconder atrás dos Estados-membros e anunciar que a próxima revisão dos Tratados trará o fim da cruel, sádica e violenta indústria da tauromaquia. Tal como é tempo de enfrentarmos, sobretudo a extrema direita, pelos populistas, incoerentes e selvagens que são.

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