Nacional
Crónica de Carlos Leitão

Rúben Dias na TVI, Cristina no M. City

Sáb, 10/10/2020 - 15:30

A Cristina volta em ombros a Queluz, a SIC aposta forte no “plantel” de actores, e a RTP faz-me lembrar o Shéu: não se dá por ela

Já não me lembro bem, mas creio que é isto. Ou então estou confuso. No meio de tantos e tantos milhões, o meu torpe azimute da concentração já foi melhor. Transferências, mercado, indemnizações, dispensas, tudo isto se fala com a sofreguidão de um esfomeado, todos os anos, durante o Verão. Ora, porque o biltre da Covid ainda por aí anda, as movimentações continuam, dentro de momentos.

As coisas estão muito agitadas e eu ainda nem percebi bem qual dos Mourinhos mudou de redacção, se o Pedro, se o José. A TVI, em “modo” Real Madrid, abre os cordões à bolsa e ataca o mercado como a mais temerária leoa do Serengeti. A Cristina volta em ombros a Queluz, a SIC aposta forte no “plantel” de actores, e a RTP faz-me lembrar o Shéu: não se dá por ela, mas vai pontuando o “jogo” com alguns passes de qualidade, numa espécie de campanha de alfabetização, sem Arnaldo Matos, mas com os pergaminhos do Bayern de Munique: mexe-se muito pouco na equipa.

Nesta azáfama que enche os escaparates de capas estrepitosas, acotovelam-se peões, cavalos e bispos, num xadrez a (de)correr desenfreado, com jogadas de ataque em barda, com vários xeques ao rei, num túnel demasiado longo para se adivinhar a luz do xeque-mate, e em que todos se empenham para atirar a “rainha” ao tapete.

Entre os milhões dos futebolistas e, ultimamente, dos protagonistas de TV, o tempo lá vai passando, e o “Zé Povo” entretém-se. A ideia é essa, já que falamos de actividades que existem para distrair e divertir as pessoas, ainda que a grelha televisiva mais pareça uma permanente crónica criminal e, no que toca à bola, ainda nem se saiba onde anda, na verdade, o Cavani.

Entretanto, “cá em baixo”, tudo mais ou menos na mesma, até no que respeita aos milhões. A esperança reaparece às terças e sextas, e as parcas ambições da época concentram-se nas vacinas, nas subvenções europeias, em conseguir a consulta antes da morte, e em segurar o emprego com unhas e dentes. Por cá, no país real, em que os milhões escorrem pelas notícias, Portugal está contente porque já pode ir ao estádio ver a selecção. Afinal, o mais importante é a malta andar entretida…

 

Carlos Leitão, fadista
[email protected]

 

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