Nacional
Coronavírus e esperança

Eis a primeira fotografia da bebé nascida de mãe infetada com Covid-19

Sáb, 21/03/2020 - 12:11

A bebé nasceu de parto normal, na passada terça-feira, dia 17 de março, no hospital São João, no Porto. É a primeira menina em Portugal a nascer de uma mãe infetada com coronavírus

Esta é a fotografia da primeira bebé nascida de uma mãe cujo teste deu positivo para o novo coronavírus em Portugal. Na foto, a bebé aparece a ser alimentada a biberão pela enfermeira Sofia Guiramães e está a dar esperança ao País. A menina não está a ser amamentada pela mãe, uma vez que para já tal não é recomendado. 

A imagem foi tirada pelo enfermeiro José Castro, da unidade de cuidados intensivos neonatais. A menina nasceu de parto normal, na passada terça-feira, dia 17 de março, no hospital São João, no Porto. Agora está a emocionar Portugal nesta fotografia enternecedora, apesar de todas as proteções que a enfermeira usa.

Bebé não está infetada

A mulher infetada com Covid-19 que teve bebé no Hospital de São João já teve alta hospitalar e o bebé não tem coronavírus. A menina, cujos dois testes ao vírus apresentaram um resultado negativo, está «clinicamente» bem, mas irá permanecer internado, foi avançado pelo hospital na conferência de imprensa desta manhã.

A mãe, que nunca apresentou grande sintomas da doença, já teve alta, mas irá continuar a ser vigiada em casa. Pode, no entanto, «estar em contacto com o bebé se tiver com máscara e luvas».

A mensagem emocionante da enfermeira

A acompanhar a imagem, a enfermeira Sofia Guimarães deixou uma mensagem, também ela emocionante.

«Corpo às balas e colo a quem dele precisa. A vida suspende-se lá fora e o tempo pára. O tempo para o qual nunca têm tempo, chega agora a ser maçador. Convencem-se as pessoas que a ausência de manifestações de afecto levarão a que outros vivam. Apela-se a que a população permaneça em casa, na qual muitos de nós já não vivem e da qual temos saudades. Dizem-nos que estão nas nossas mãos, quando todos estamos nas mãos de todos. Suportamos o queixume de quem vive condicionado, enquanto sacudimos da memória as vidas sepultadas num país vizinho que desejamos não serem as nossas. Carregamos este maremoto que nos engole os dias com a bravura própria de quem tem medo mas muito mais coragem. De quem tem tanto sentido de missão como de estado. De quem se entrega com total abnegação ás horas difíceis de um País, apesar das dezenas de horas que falha aos seus. De quem continua onde sempre esteve sem muitas vezes ser lembrado.

A verdade é que mesmo desligando as luzes que hoje se abatem sobre nós, continuamos onde nunca saímos: a ser casa, a ser colo e porto de abrigo só que no escuro. Há uma mãe que inveja através de um vidro o cuidar que deveria ser o seu, no final de tantos meses sonhados expressos em semanas. Que lhe inveja o toque pelo modo como sorri com o olhar. Que lhe inveja o embalo. Que lhe inveja o sentido de protecão de um filho que é seu, o qual ainda não abraçou e sentiu o cheiro mas que com todas as suas forças fez nascer. Sabemos que hoje esta distância a fere mais que a dor do seu parto, porque os nossos dias de trabalho nos ensinaram a ler as linhas do rosto mesmo quando as tentam esconder. Por menos colos vazios: fiquem em casa! À qual depois da tempestade todos nós desejamos voltar.»

Fotos: DR

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