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«Consumo muito programa de m#### (...) mas a televisão bateu no fundinho»

Ana Garcia Martins junta-se à onda críticas aos dating shows da SIC e da TVI

Seg, 11/03/2019 - 17:40

Os programas de dating show da SIC e da TVI estrearam este domingo, 10 de março, mas parece que não agradou a todos os que assistiram à primeira emissão.

Os novos programas de dating show da TVI e da SIC, Quem Quer Casar com o Meu Filho e Quem Quer Namorar com o Agricultor, apresentados por Leonor Poeiras e Andreia Rodrigues, respetivamente, estrearam este domingo, 10 de março e, embora os formatos sejam um sucesso fora de Portugal, parece que não conseguiram conquistar os portugueses à primeira.

Nas redes sociais são já várias as críticas feitas aos dois programas. Sejam elas figuras públicas ou anónimos, todos têm algo a dizer.

Ana Garcia Martins, mais conhecida como A Pipoca Mais Doce, utilizou as suas plataformas digitais precisamente para mostrar a sua indignação para com os dois formatos emitidos pelas estações privadas de televisão.

Num longo texto partilhado no seu blogue, a influencer falou sobre os novos programas e sobre a forma como os mesmos estão a ser feitos.

«Quem me segue há uma vida sabe que eu gosto do meu lixinho televisivo. Bem, na verdade, cada vez menos, porque os formatos mais recentes andam todos muito à volta disto, da procura do ‘amor’ (ah ah ah), mas sempre fui menina para papar um bom reality show do princípio ao fim. Posto isto, não estou aqui agora a tentar juntar-me às elites intelectuais que só consomem RTP2. Mas porra, até para mim há limites. E se eu achava que o meu limite era o Love on Top - que, basicamente, é uma concentração de músculos, mamas e nenhum cérebro - o ‘Quem quer namorar com o agricultor?’ (SIC) e o ‘Quem quer casar com o meu filho?’ (TVI) dão assim aquela vergonha que nos faz sair de fininho e pensar ‘eu vou fingir que nem vi isto’.»

Por outro lado, no Instagram Ana Garcia Martins já utiliza outra forma de mostrar a sua indignação. A blogger partilhou uma fotografia do livro de Michelle Obama e afirmou que este domingo «a televisão bateu lá no fundinho».

«Eu consumo muito programa de m#### - e gosto - mas porra, hoje a televisão portuguesa bateu lá no fundinho. Vou ler para esquecer», afirma.

Além de Ana Garcia Martins, também a plataforma Capazes, que tem como representante, Rita Ferro Rodrigues, mostrou a sua revolta pela forma como as mulheres estavam a ser tratadas neste tipo de programas.

Defensoras da igualdade de género, a Capazes considera que a emissão de programas deste género significa «recuar ao passado». «Dois dias depois de assinalarmos com estrondo o Dia Internacional das Mulheres e a importância da luta pela Igualdade, a TVI e a SIC apresentam dois formatos absolutamente degradantes para as mulheres. Programas em que as mulheres são postas a competir pelo macho Alfa e pelo seu dote, sujeitando-se às maiores humilhações e fazendo-nos, a todas e todos, recuar ao século passado. O machismo e o sexismo em todo o seu esplendor. Vergonha!», lê-se na página oficial da associação feminista, com o hashtag «boicote ao domingo» e «eu não vejo».

«Dois dias depois do 8 de março, aparecem dois programas em simultâneo, em horário “nobre” com réplicas do que toda a sociedade se propôs a combater há dois dias: ideias retrógradas com mulheres a exporem-se, no que parece ser um leilão de gado, ou perante questionários tipificados e retirados da Crónica Feminina da futura sogra», começa por escrever Fernanda Freitas. E acrescenta: «Para os que vierem dizer que as mulheres não foram obrigadas a ir ao programa, eu sei. Têm liberdade para fazer mas é o que ainda me enerva mais. Querem mesmo mudar mentalidades? Não pactuem com isto. Façam greve e desliguem os televisores»,terminou a jornalista, que recebeu um comentário de Jorge Corrula. «Precioso este post. Vou levar», escreveu o ator.

As críticas não se ficam só pela página oficial da Capazes ou pelo Instagram de Fernanda Freitas. No Twitter, a estreia dos programas é um dos assuntos do momento.

«Quando é que a SIC e a TVI mudam o nome para Tinder [uma aplicação de encontros] TV?», «num país em que é extremamente urgente mudar as mentalidades, há programas destes em que parece que estamos no século passado e as mulheres são objeto de escolha», apontam alguns internautas.

«Na semana em que se exaltou o papel da mulher surge um programa onde existem muitas  mulheres e os homens têm de escolher», «sou a única que acho que estes programas são machistas?» e «de um lado (TVI) temos: gordofobia, racismo, machismo e tudo o que possa existir de preconceito por parte das mães. Do outro (SIC) temos: o homem escolhe e descarta mulheres como quem muda de cueca», lê-se também.

Texto: Sílvia Abreu com Redação WIN - Conteúdos Digitais; Fotos: Impala, SIC, TVI e Reprodução Instagram

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