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«Com uma escrava Isaura aqui dentro

Tudo o que precisa de saber sobre o segundo episódio de Pesadelo na Cozinha

Seg, 17/09/2018 - 10:23

O restaurante Dom Dinis, no Fundão, foi o segundo a receber a ajuda de Ljubomir Stanisic, nesta segunda temporada do Pesadelo na Cozinha, da TVI

O restaurante Dom Dinis, no Fundão, foi o segundo estabelecimento a receber a ajuda de Ljubomir Stanisic e da equipa do programa Pesadelo na Cozinha, nesta segunda temporada do projeto da estação de Queluz de Baixo.

Hugo e Cátia são os proprietários deste espaço há dois anos e segundo o casal, há meses em que nem tiram ordenado. Apenas conseguem juntar entre 500 a 600 euros, para os dois.

Estiveram a viver em França e o filho nasceu com uma malformação rara: a barriga estava aberta e os orgãos de fora. A criança foi operada em França e esteve internada três meses. «Resolvemos vir para aqui porque ele teve algumas consultas em Coimbra. Foi operado há dois meses e correu tudo bem. Assim também está mais próximo dos avós», disse Cátia. 

O marido coordena a sala e também serve à mesa. Ela é a cozinheira. Ana é a empregada de mesa, que trabalha no Dom Dinis há cerca de dois meses.

Para além da sala, existe também uma esplanada. Ou seja, dezenas de mesas para apenas dois serventes.

Ljubomir chegou para a habitual primeira refeição. Deixa o pedido à consideração dos donos. «Tragam-me esse amor aqui para a mesa», disse.

O primeiro reparo: Fundão faz parte de uma região riquíssima na produção de queijos e no couvert existem apenas um patê de atum, manteiga e um queijo da Holanda.

O casal escolheu bife da vazia, dourada grelhada e francesinha, para que o chef pudesse avaliar. Hugo é natural da cidade do Porto, daí a última escolha.

Ameijoas à Bulhão Pato e uma salada de pota foram as entradas.

«Traz lá um queijo que tenhas daqui», pediu o dono do restaurante 100 Maneiras. Alguns minutos depois, Ljubomir tinha um queijo de cabra da região na mesa. «Tão bom... tão simples!» exclamou. 

«A salada não sabe a nada. Tem mais cebola do que pota. Não tem gota de vinagre, nem de limão», disse Ljubo.

O peixe estava «seco, seco, seco, seco, seco». O melhor de tudo foi a francesinha, mas mesmo assim não tinha sabor. O bife estava muito rijo.

«Não há alma. A ementa não faz com que eu tenha curiosidade em vir cá comer»

«Não há alma. A ementa não faz com que eu tenha curiosidade em vir cá comer. Não fazem ideia do que esta região tem para oferecer», rematou.

Cátia não sabia que o marido tinha chamado o chef. Só depois é que soube e acabou por concordar.

Mais tarde, Ljubomir vai para a cozinha, para observar a cozinheira. Pelo meio, vai limpando a parte de cima do fogão com um pano. «Sabes que estes bicos não estão estragados, não funcionam apenas por causa da gordura», disse a Cátia, referindo-se aos dois bicos «estragados».

«Isto nunca vai dar certo»

Ljubomir chama Hugo à cozinha. «Como está esta cozinha, com esta ementa e com uma escrava Isaura aqui dentro, não dá. Isto nunca vai dar certo. A única coisa de valor aqui é ela», disse.

No dia seguinte, o condutor do programa senta-se com Cátia. Ela assume que se sentiu desvalorizada quando Ljubomir lhe disse que ela não era cozinheira. Este convida-a a dar um passeio e foram a uma fábrica de enchidos de um conhecido. Trouxeram várias coisas para mudarem as opções do almoço. «Isto não se faz», disse Hugo. 

O dono do restaurante ficou responsável de fazer sangria. Mas o apresentador não gostou. «Estou com a tua mulher a fazer uma comida especial e tu fazes a mesma sangria de sempre. Isto não é nada» disse, ensinando depois como se faz uma bebida saborosa. 

Ana tinha dificuldades em decorar os números das mesas e em anotar os pedidos. 

Chegou ao fim o serviço e a propietária recebeu rasgados elogios do chef. Por sua vez, o marido não e o chef disse-lhe que queria falar com ele, a sós, na manhã seguinte.

«Estás a escravizar a tua mulher»

Na manhã seguinte os dois juntaram-se, tal como combinado. «Tu não consegues ver que estás a escravizar a tua mulher. O teu trabalho é muito mal feito. Tu é que estás a afundar aquele negócio todo. Não sabes o que fazes. Estamos aqui a perder o nosso tempo e tu não perdes tempo nenhum a ouvir-nos», frisou Ljubomir. «As oportunidades só surgem uma vez na vida e tu não as aproveitas», completou.

«Ele tem razão», disse Hugo, com as lágrimas nos olhos. 

A remodelação

Dom Dinis parecia outro. O restaurante ficou mais moderno e acolhedor. Até os canteiros foram recuperados: agora, Cátia tem à disposição mais de 30 ervas aromáticas. A esplanada passou a contar com mesas de madeira, que ficaram mais próximas umas das outras. O chef propôs também a mudança da ementa, tendo por base alimentos típicos da região, como o caso da cereja. 

«Adorámos a mudança», disse o casal.

Para ajudar, o Centro de Formação Profissional para o Sector Alimentar da Pontinha oferece um curso certificado de higiene e segurança alimentar ao staff.

No almoço de inauguração, Hugo parecia outro também. Enquanto os convidados começavam a comer, o proprietário estava com as mãos na massa, ou melhor, nas cerejas, fazendo a sobremesa. 

Hugo passa a ferro durante cinco horas 

Na cozinha, Ljubomir fala com o casal. «A vida é muito mais do que isto. Tem de haver tempo. Tempo para se abraçarem e beijarem. Parem de falar como se ambos fossem criados um do outro», disse. Perante tais palavras, Hugo começou a chorar e agarrou-se à mulher, agradecendo-lhe.

«O Hugo mudou radicalmente. Chegou a casa e esteve cinco horas a passar a ferro, coisa que nunca faria», confessou Cátia.

Quem também adorou esta experiência foi Ana: «Aprendi muito com ele». 

RECORDE: O primeiro restaurante de Pesadelo na Cozinha

Fotos: Reprodução Facebook e Instagram

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