Saúde e Beleza
Cesarianas

O que precisa de saber

Seg, 18/07/2011 - 14:57

Tem uma recuperação mais lenta e riscos para a saúde da mãe e do filho. Saiba por que é que a cesariana não deve ser a primeira opção.

A taxa de cesarianas em Portugal ronda os 36%. Uma estatística bem acima da média europeia e muito além dos dez a 15% aconselhados pela Organização Mundial de Saúde. Um número alarmante se pensarmos que a cesariana implica uma operação e por conseguinte uma recuperação de três a quatro dias; tem riscos para a saúde da mãe e do bebé, já que multiplica a probabilidade de infecções e quadruplica a de hemorragias. Ainda assim, e perante estas evidências, muitas mulheres continuam a optar por esta prática que, ainda que seja uma técnica aperfeiçoada, deve ser uma alternativa ao parto natural e não uma primeira escolha. A NOVA GENTE falou com Fernando Cirurgião, ginecologista e obstetra, sobre esta prática médica.

Prática recorrente
A Organização Mundial de Saúde aconselha que a taxa de cesarianas não suba dos 15%, mas em Portugal estamos longe dessa meta, com as estatísticas a apontar para os 36% “A minha experiência diz-me que quatro em cada dez mulheres quer cesariana. Mas, não nos podemos esquecer que é uma operação e que, como tal, tem certos riscos para a mãe e para o bebé.”

Pós-operatório mais complicado
Por ser uma operação existe um período de cicatrização, o que faz com que a recuperação de uma cesariana seja mais demorada que a de um parto natural. “A mãe é obrigada a descansar mais, e como tal tem menos tempo para estar com o filho, para além do período de internamento ser superior. Há ainda uma limitação no retorno à actividade diária – não esquecendo a dor associada que acaba por ser um mecanismo inibidor – e a possibilidade de surgirem problemas e certas dificuldades com o aleitamento. Tudo limitações com maior probabilidade de ocorrerem no casos das cesarianas.”

Um vez cesariana será sempre cesariana?
Varia de caso para caso. “Andamos a ‘pagar’ pelas cesarianas que se fizeram no passado, daí que os números que temos hoje sejam tão elevados. Não convém ser submetido a esta prática muitas vezes, mas há casos em que o parto natural não é possível, ou porque o bebé não está numa posição correcta ou porque a mãe tem alguma condicionante clínica que não o permite. Só nestas situações é que se deve avançar para cesariana e tenho pacientes que já fizeram quatro... A orientação é que se tenha um intervalo de dois anos entre cada procedimento.”

Opte pelo mais seguro
O risco de ingressar numa unidade de cuidados intensivos após uma cesariana é dez vezes maior do que num parto natural. “A cesariana nunca deve ser a primeira opção, salvo indicação do médico. A realidade é que as mulheres encaram esta prática como um acto único, que soluciona de imediato a situação, e as coloca perto do filho mais depressa. Pelo contrário: o bebé vem mais adormecido e pode ter complicações futuras. O parto natural é mais seguro em todos os sentidos.”

Contras
Para a mãe

• Risco de morte cinco a sete vezes superior
• Maior tempo de internamento hospitalar
• Recuperação mais dolorosa
• Risco de complicações com a cicatrização
• Risco de infertilidade aumenta
• Risco de ruptura uterina num futuro parto
• Risco de morte fetal aumenta nas gravidezes seguintes

Para o bebé
• Aumenta o risco de problemas respiratórios
• Aumenta o risco de morte no primeiro mês de vida
• Risco de não ser amamentado
• Risco de corte cirúrgico acidental

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