Nacional
Catarina Gouveia

O passado marcado por dificuldades financeiras: «Tocavam à nossa campaínha e deixavam sacos de comida».

Sáb, 03/10/2020 - 15:40

Catarina Gouveia abriu o livro da sua vida a Daniel Oliveira no Alta Definição deste sábado, 3 de setembro. A atriz falou das dificuldades financeiras que viveu e da rejeição por parte do pai biológico.

Catarina Gouveia foi a mais recente convidada de Daniel Oliveira no Alta Definição, na SIC.. O testemunho da atriz, emitido este sábado, 3 de outubro, foi considerado pelo apresentador uma dos «mais brutais de sempre» na história do formato e contou com momentos de muita emoção.

Daniel Oliveira ficou curioso por saber quando é que Catarina Gouveia começou a perceber a importância do dinheiro e a ter a noção de que devia poupar. A atriz de 32 anos revelou que foi na altura  da crise financeira de 2008, quando a sua família começou a «apertar o cinto».

«Não foi nada bom quando a crise chegou. Chegou com toda a força e todo o trabalho construído pelos meus pais foi por água abaixo. Perdemos tudo. Casa, carros, empresa, tudo. Foi quase em efeito dominó. Até levaram o recheio da casa. De repente tens que começar do zero. É duro quando passas por essas experiência. Mas depois dá-te força. Aquilo que foi indestrutível foi a união da minha família. Estávamos todos unidos e bem de saúde. Só tinham levado as coisas. Ficámos nós. Isso dá-te muita força...não tens hipótese, tens que trabalhar e correr atrás. Na hora H tens que dar o teu melhor».

«Aqueles 10 euros davam para a caixa de flocos e para o litro de leite para uma semana inteira ao jantar»

«A minha mãe deu-me sempre aquilo que podia, mas era sempre mais barato comer uma caixa de flocos com um litro de leite do que ir comer com as amigas e ir ao jantares da universidade. Não ia gastar assim 10 euros que fossem. Aqueles 10 euros davam para a caixa de flocos e para o litro de leite para uma semana inteira ao jantar. Apesar disso, nunca passei fome e sempre tive muito apoio à minha volta. Vivíamos num meio pequeno. Toda a gente sabia o que se passava. Foram tempos difíceis em que as pessoas tocavam à nossa campaínha e deixavam sacos de comida».

Catarina Gouveia confessa ainda que, na altura, apesar de sentir grande gratidão por todos o que ajudavam a sua família, também sentia vergonha. «Não tens maturidade para compreender. Vês os teus tios a levarem-te comida e os teus pais a sofrerem...é tramado», confessa, em lágrimas. 

A relação com o pai biológico

Catarina Gouveia cresceu sem o pai biológico e, por isso, vê na mãe o no companheiro da mesma a maior força e o maior exemplo. Apesar de os pais já estarem separados quando a artista nasceu, na adolescência Catarina chegou a ter um breve contacto com o progenitor, que acabou em desilusão. 

«A irmã do meu pai, com quem mantive contacto a vida toda, conseguiu que nós nos encontrássemos. Lembro-me que houve uma conversa muito vaga e superficial de que ele ia estar presente na minha vida. Ele sabia que os meus pais tinham acabado de sair de uma situação financeira complicada e até me pediu o NIB do meu cartão para me ajudar. E fiquei à espera. E nunca mais aconteceu. Foi duro. Foi duro mas voltas à vida e voltas a esquecer. Tens que perdoar».

Catarina Gouveia confessa a Daniel Oliveira que aquele momento foi o último em que teve contacto com o pai biológico, até começar a fazer novelas. «Ele voltou e quis quase uma posição de reconhecimento, mas não como sendo meu pai. Pai da pessoa que faz as telenovelas e não da Catarina que teve vinte e tal anos sem qualquer tentativa de afeto ou aproximação. E foi duro, outra vez», diz. 

Texto: Inês Marques Fernandes

 

 

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