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Catarina Furtado

Catarina Furtado
'Sou mulher e gosto muito'

Sex, 02/03/2012 - 12:23

Conhecedora das desigualdades que persistem um pouco por todo o Mundo,
usa o seu mediatismo para chamar a atenção.

Será a Bíblia machista, ao dizer que a mulher foi criada de uma costela do homem?
Não sou perita em religiões nem nunca li as várias versões que existem da Bíblia, ou de outros escritos sagrados como a Tora ou o Alcorão. No entanto, enquanto leiga mas cidadã atenta ao Mundo posso dizer que as religiões, tal como as culturas e sociedades, são entidades plurais e com diversidades porque integram pessoas que são diferentes nos seus contextos. As pessoas é que fazem as suas práticas e teorias que podem ou não ser discriminatórias e seletivas. No entanto, é interessante ver as abordagens que os teólogos fazem dos textos sagrados e alguns dogmas das igrejas. Depois há uma linguagem simbólica que é frequentemente usada porque historicamente os ensinamentos, mesmos os religiosos, assentam na tradição oral e aí as metáforas são muito usadas. As religiões também têm o seu papel e responsabilidade em se adequar aos novos crentes e aos novos tempos.

Pode então uma religião baseada na Bíblia pregar a igualdade entre homens e mulheres?
As religiões podem pregar o que entenderem ser o código de conduta para os seus fiéis, não devem, em minha opinião, achar que todas as pessoas são seus fiéis e assim impor modelos de desigualdade. A igualdade é um bem e um direito de todas as pessoas, independentemente da sua religião.

A nossa Constituição diz: “Todos os cidadãos têm a mesma dignidade social e são iguais perante a lei.”
Ninguém pode ser privilegiado, beneficiado, prejudicado, privado de qualquer direito ou isento de qualquer dever em razão de ascendência, sexo, raça, língua, território de origem, religião, convicções políticas ou ideológicas, instrução, situação económica, condição social ou orientação sexual.

Já existe plena igualdade entre mulheres e homens em Portugal, ou a mulher ainda é alvo de discriminação? Porquê?
Não existe igualdade efetivamente. A diferença de salários, de uma maneira geral, nas diferentes classes sociais é ainda muito grande sem critérios lógicos para que isso aconteça porque na pratica, as mulheres trabalham as mesmas horas e ainda por cima não têm tanto acesso a cargos de chefia mesmo que tenham as mesmas habilitações. Nas classes sociais mais desfavorecidas e também em bairros degradados a falta de acesso a cuidados de educação e saúde é por parte das meninas, adolescentes e mulheres uma realidade que escandaliza.

Leia a entrevista completa na edição 1851, já nas bancas.

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