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Conheça os laços do magnata asiático Stanley Ho com Portugal

Qua, 12/08/2020 - 08:00

Em fins de maio deste ano, faleceu Stanley Ho aos 98 anos, no Hospital Sanatório de Hong Kong. Embora o nome possa não significar nada a muitas pessoas, tratava-se do maior empreendedor de Macau no mundo moderno.

Embora já não administrasse os negócios desde 2018, por complicações de saúde, Ho era também o acionista majoritário do Grupo Estoril Sol, controlador do Casino Estoril, Casino Lisboa e Casino da Póvoa em Portugal – as principais casas de apostas legais em Portugal em atividade.

Stanley Ho era o detentor de uma das maiores fortunas da Ásia, estimada recentemente em 5,9 mil milhões de euros pelo jornal South China Morning Post.

Nascido em Hong Kong, esse titã dos negócios sino-portugueses teve uma fascinante história de vida.

Negócios de família em terra estrangeira

Stanleu Ho nasceu em 25 de novembro de 1921 em Hong Kong e fugiu do território chinês durante o período da ocupação militar japonesa. O destino: Macau, até então controlada por Portugal – que manteve a neutralidade durante a Segunda Guerra.

Ho tinha um pai bem-sucedido, que perdeu as posses no mercado acionário e abandonou a família. Stanley Ho tinha 13 anos à altura. Ele conseguiu ingressar na Universidade de Hong Kong e, em 1941, radicou-se em Macau.

Ho Casou-se em 1948 com a macaense luso-descendente Clementina Leitão, que era filha de um empresário de hotéis e cassinos influente na região. Tal influência contribuiu para que a empresa de Ho, Sociedade de Turismo e Diversões de Macau, conquistasse a concessão do monopólio de administração dos casinos locais em 1962.

Porém, o empreendedorismo de Stanley Ho não pode ser resumido apenas a ganhar um contrato de concessão e usufruir de seus benefícios: ele foi responsável por uma radical mudança no perfil de Macau, por meio da condução de empreendimentos de grande impacto.

Esse empresário conduziu a dragagem dos canais de navegação macaenses, além de investir em obras estruturais para fazer desenvolver os casinos locais, num modelo conhecido como “integração vertical”: a agregação de negócios de agências de viagem e empresas de transporte aos hotéis e casinos, que era o negócio principal.

A partir desse modelo, encurtou-se radicalmente o tempo de acesso a Macau por mar, com a instalação de barcas de ligação a Hong Kong, e até mesmo a participação na criação das linhas aéreas Air Macau.

De facto, Ho também participou ativamente na construção do Aeroporto Internacional de Macau e no Centro Cultural do território. Esteve envolvido até mesmo na fundação do sistema de televisão local, tamanha a versatilidade em empreender.

Ho em Portugal

Durante os anos de atividade, Stanley Ho firmou laços com Portugal que renderam até mesmo o reconhecimento público. A cidade de Cascais chegou a prestar-lhe homenagem em vida inédita a um cidadão chinês em território português, por ocasião do cinquentenário da Estoril Sol, em 1998.

Dez anos antes, seu nome tinha batizado uma avenida no Estoril, diante do Casino Estoril. Manteve laços com a Fundação Oriente em Portugal e criou a filantrópica Fundação Stanley Ho também em terras lusitanas.

Nos idos de 2002, a Sociedade de Turismo de Ho perdeu o controle exclusivo das casas de jogos em Macau, que manteve ininterruptamente desde 1962, devido à mudança de controle do território, de Portugal para China.

O veterano chinês participou activamente desse período de transição, sendo partícipe do comitê político para o processo. Sua gestão em Macau contribuiu muito para a reconfiguração do território: o setor manufatureiro deu lugar ao setor de serviços como eixo económico e a região tornou-se referência mundial em jogos.

Hoje, Macau atrai 30 milhões de apostadores anuais e arrecada mais que o dobro de Las Vegas em dinheiro – cerca de $28 mil milhões, ante $11,1 mil milhões.

 

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