Nacional
Carlos Costa no Madeira Pride

«O que não me matou, tornou-me uma pessoa mais forte»

Sex, 11/10/2019 - 18:40

Carlos Costa prepara-se para atuar no Madeira Pride, no dia 19 de outubro. À Nova Gente, o cantor confessa que quer «incentivar as pessoas para que não vivam escondidas e retraídas uma vida de sufoco»

Carlos Costa prepara-se para ser um dos protagonista do Madeira Pride. O arraial acontece já no dia 19 de outubro, depois da terceira Marcha do Orgulho LGBTI+, e o cantor vai atuar perante os conterrâneos. 

Natural da Madeira, o artista confessa-se ansioso por voltar à terra que o viu nascer e passar a mensagem de igualdade que tanto defende. «Este evento tem como objetivo celebrar a igualdade e relembrar que também na nossa querida Ilha, a comunidade LGBT tem uma comunidade considerável que merece a atenção, respeito e consideração de todos», começa por contar à Nova Gente.

Consciente do preconceito que ainda existe em Portugal e no mundo, Carlos reforça: «Os jovens precisam urgentemente de aprender a ser autênticos, viver em verdade e não ter medo de seguir as suas vidas sem retrações».

Com esta participação, Carlos Costa pretende também «ajudar os pais a compreender os filhos». 

«A minha mensagem é sempre a mesma: não são necessários rótulos, somos todos iguais. Incentivar à verdade e incentivar as pessoas para que não vivam escondidas e retraídas uma vida de sufoco. Ajudar aos pais a compreender os filhos, ajudar os filhos a fazerem os pais entrar na sua vida em total verdade e esclarecimento. Isso trará mais realização pessoal a todos e uma maior desenvoltura na nossa sociedade portuguesa», explica. 

«Para que não tenham de passar pelo que passei que não foi fácil»

O orgulho na terra natal nota-se em cada palavra do cantor. Carlos Costa diz sentir um misto de emoções sempre que regressa à ilha. «Regressar à Madeira é sempre um misto de nostalgia, stress, tristeza e muita felicidade. Muito se passa, muito se passou. Amo a Madeira acima de qualquer lugar do nosso País.»

No passado, Carlos foi vítima de bullying por parte de colegas. Ser «diferente», mesmo sem saber quem realmente era, sempre fez do artista um alvo fácil. «Quem pratica bullying não passa de gente ignorante. Gravei na memória algumas pessoas que o fizeram comigo. Hoje não são ninguém, não fazem nada e limitaram-se a ser aquilo que sempre foram: gente mal formada. Por isso, o que não me matou, tornou-me na pessoa mais forte que sou hoje. Óbvio que preferia que tivesse sido de outra forma. É por isso que faço questão de apoiar estas causas: para que num futuro próximo exista cada vez menos homofobia ou bullying. Para que não tenham de passar pelo que passei que não foi fácil», conta-nos. 

Que conselho gostaria de dar a todas as crianças e jovens que sofrem como já sofreste? A esta pergunta, Carlos Costa tem a resposta na ponta da língua. 

«Sejam fortes, pacientes e bondosos. Ninguém sabe o que é estar na vossa pele. E só vocês podem lutar pelo vosso futuro grandioso. Não desistam nunca, e façam o que for necessário para viver em verdade e autenticidade. O universo tratará do resto.»

Texto: Mariana de Almeida; Fotos: Impala e reprodução Instagram

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