A Endemol Portugal dispensou «toda a equipa técnica» do reality show Big Brother 2020 depois de a TVI ter anunciado o adiamento da estreia do programa. O caso é denunciado pela plataforma despedimentos.pt, criada pelo Bloco de Esquerda «para realizar o mapeamento dos abusos laborais em tempos de pandemia, fornecer instrumentos de denúncia às trabalhadoras e aos trabalhadores afetados e reunir informação relevante que permita a proteção dos empregos».
Num texto partilhado esta sexta-feira, 27 de março, é possível ler que «montadores, produção, loggers, operadores de câmara robotizada e outros técnicos viram os seus contratos rescindidos durante o período experimental, outros por dispensa de recibo verde e os estagiários viram os seus estágios interrompidos».
«No caso dos trabalhadores a contrato, estes foram rescindidos no último dia do período experimental, sem qualquer justificação», explica a plataforma, acrescentando que a estes «foi apenas referido o artigo 114º (ponto 1) do código de trabalho e nada mais».
A maioria destes profissionais «trabalhava na empresa pelo menos há cinco anos, sendo que os membros mais antigos são montadores e técnicos desde o primeiro programa Big Brother, que decorreu em 2000». «Ainda assim, a cláusula de período de experiência aplicou-se a estes. Esta informação foi enviada aos trabalhadores apenas por e-mail», denuncia o site despedimentos.pt.
Segundo a mesma fonte, a Endemol Portugal alertou os trabalhadores dispensados, através de uma chamada telefónica, «avisando toda a equipa de que o programa não seria cancelado, mas sim adiado», e que, por isso, a produtora «esperava contar com toda a equipa quando o programa regressasse, não dando uma previsão de quando isso acontecerá».
«A equipa continua a trabalhar», garantia a TVI
Pensado para se ter estreado no passado dia 22, a TVI anunciou que decidiu, juntamente com a Endemol Portugal, adiar o início do reality show Big Brother 2020 no dia 15 do corrente mês. «Perante a situação crescente de risco e incerteza que Portugal e o mundo atravessam e depois de uma avaliação responsável e sensata, entendemos adiar a estreia do BB2020», disse o canal numa nota enviada às redações.
«O Big Brother é o programa de televisão que, à escala global, tem o dispositivo de produção mais complexo, apesar da aparente simplicidade de tudo se passar numa casa. Ao todo estão neste projeto 150 profissionais», elucidava o comunicado, também partilhado nas redes sociais por aquele responsável e pelo apresentador, Cláudio Ramos.
«Nos últimos dias a TVI e a Endemol avaliaram de maneira detalhada as várias opções, enquanto paralelamente seguiam todo o protocolo de segurança das autoridades de saúde pública e das próprias empresas. Tomámos todas as medidas preventivas adequadas e recomendadas pelo Governo, em relação aos concorrentes selecionados. Entre essas medidas estão exames de despistagem e um período de isolamento que está a ser cumprido. Um protocolo de prevenção está também a ser seguido relativamente às equipas técnicas e de conteúdos», assegurou a TVI.
«Mesmo assim, e dada a dimensão da produção – na casa e na área de trabalho envolvente na Ericeira, no estúdio das galas na Venda do Pinheiro, e nos vários programas diários a partir de Queluz de Baixo – consideramos não estarem reunidas todas as condições. O tempo é de ser responsável sem concessões», referiu ainda.
Uma certeza a TVI disse ter: O Big Brother «é e será o programa do ano». «A equipa continua a trabalhar e devo a todos um agradecimento e uma palavra de confiança. A todos, sem exceção, o meu obrigado! Ao Cláudio Ramos em particular, pelo seu invulgar empenho, capacidade de trabalho e convicção no projeto deixo aqui uma palavra especial: a fibra dos grandes profissionais vê-se nos momentos adversos», elogiou.
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Texto: Inês Marques Fernandes; Fotos: Impala e reprodução Instagram
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