Nacional
António Barreira

Revoltado depois da morte de Tozé Martinho: «Quando o encontrei estava triste»

Ter, 18/02/2020 - 19:40

Argumentista relata último encontro com Tozé Martinho.

A morte de Tozé Martinho, este domingo, dia 16 de fevereiro, deixou Portugal de luto. O último adeus ao ator e argumentista ficou marcado pelas lágrimas de quem mais o admirava. Foram muitos os colegas de profissão que marcaram presença no velório e no funeral, que decorreram esta segunda e terça-feira, 17 e 18, respetivamente, em Cascais.

António Barreira foi dos primeiros a reagir nas redes sociais à morte do amigo e colega. «Estou em choque com a notícia da morte do Tozé. Companheiro de profissão, presenteou os portugueses com ótimas histórias. Partilhámos a telenovela "Dei-te Quase Tudo". Ficámos próximos e com um enorme respeito um pelo outro. Encontrei-o não há muito tempo. Estava debilitado. Queria voltar a escrever, mas tinha as portas fechadas. Uma lástima para quem tanto deu à ficção nacional. Descansa em paz, Tozé», escreveu no Facebook, acrescentando um emoji triste.

Em declarações à Nova Gente, o argumentista recorda o último encontro dos dois. «Quando o encontrei estava muito triste, lamentou o facto de querer trabalhar e ter as portas fechadas. Quando ele me disse isso senti uma enorme injustiça», começa por dizer.

«Queres ser bom, morre ou vai-te embora»

António Barreira não esconde a sua revolta perante as inúmeras homenagens que estão a ser feitas a Tozé Martinho, agora depois da sua morte. «Acho que somos um país de memória muito curta, porque não nos podemos esquecer que o Tozé é um dos pioneiros da história da ficação nacional, já desde a Vila Faia. Há um ditado popular muito antigo que diz: "Queres ser bom, morre ou vai-te embora". Não é à toa que, em Portugal, a maior parte das homenagens só aconteça depois de as pessoas estarem mortas. O que é que essas pessoas vão usufruir dessas homenagens?», questiona.

«Os portugueses têm uma certa dificuldade em lidar com o elogio, mas o elogio sincero, aquele que vem do coração, em qualquer área. É em vida que se homenageia e se trata bem as pessoas, não é depois da morte. Peço que se valorize todos os artistas, em especial os mais velhos. Dão tanto ao País e ninguém os valoriza. Ser artista não é uma profissão estável, como noutros países. Enquanto cidadão, odeio injustiças e tenho a esperança que um dia seja diferente», concluiu.

 

Texto: Filipa Rosa; Fotos: Arquivo Impala

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