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Alerta pais!

Adição ao Instagram: doce ou veneno?

Ter, 13/10/2020 - 17:30

A psicóloga Marta Dias deixa alguns conselhos sobre o vício do Instagram e o perigo para os jovens.

As redes sociais fazem cada vez mais parte das nossas vidas e a importância da sua utilização é inegável, permite-nos: conhecer pessoas, construir amizades, moldar a nossa identidade e aprender acerca do mundo que nos rodeia. Contudo, a verdade é que nem tudo o que é encontrado na internet é positivo. Alguns aspetos que se prendem com a excessiva utilização das redes sociais, requerem uma atenção especial por parte dos pais/cuidadores, pois podem trazer graves consequências para a vida dos filhos.

Isolamento face ao mundo real, crenças em informações falsas, influência de comportamentos e valores inadequados ou perigosos e desvalorização da vida pessoal face a comparações desmedidas, são algumas das problemáticas que tenho vindo a verificar através dos jovens que acompanho em consultas e inúmeros estudos comprovam estes factos. Acredito que com a maior sensibilização e compreensão de alguns dos fenómenos das redes sociais e as suas consequências, os pais/cuidadores podem adquirir uma maior consciência de como atuar face a esta problemática. 

O Instagram é a rede social mais utilizada pelos jovens em Portugal, com idades compreendidas entre os 15 e os 24 anos e estatísticas mundiais apontam para uma média de utilização superior a 3 horas por dia. Estima-se assim que 5% dos jovens sofra de adição às redes sociais, sendo que as mesmas já foram descritas como mais aditivas que os cigarros ou o álcool. Estes dados são preocupantes, na medida em que, sabemos que quanto maior for a intensidade de utilização das redes sociais, maior é a probabilidade dos jovens relatarem problemas de saúde mental, com agravamento de sintomas de ansiedade e depressão. 

O que leva então os jovens a experienciarem sofrimento psicológico, visto que aparentemente as redes sociais trazem um conjunto de benefícios? A verdade é que, observar amigos que estão constantemente a aproveitar a vida e a divertirem-se, enquanto outros ficam em casa, pode fazer com que os jovens sintam que estão a perder a oportunidade de viver, enquanto os outros desfrutam da vida. Estes sentimentos podem promover uma atitude de "comparar e desesperar", em que a preocupação em relação a atividades que os outros possam estar envolvidos vai sendo cada vez maior, parecendo que a sua vida não tem qualquer interesse. 

Acontece também os jovens observarem fotografias e vídeos altamente editados ou mesmo encenados e acabarem por comparar a sua vida aparentemente mundana, com esta realidade alterada e simulada, surgindo como consequência sentimentos de inferioridade e baixa autoestima. Estes sentimentos constatam-se principalmente no sexo feminino, uma vez que as 96 milhões de fotografias publicadas a cada hora no Instagram, proporcionam um potencial quase infinito para que as jovens sejam atraídas por comparações baseadas na aparência e expressarem um desejo elevado de mudar o seu aspeto, nomeadamente o rosto, cabelo e/ou pele.

A utilização das redes sociais apresenta também uma associação significativa com a má qualidade do sono, pois um em cada cinco jovens diz acordar durante a noite para verificar as mensagens nas redes sociais. Este acontecimento desencadeia uma probabilidade três vezes maior de os mesmos se sentirem constantemente cansados na escola, interferindo na concentração e nas aprendizagens.

Estes aspetos são apenas alguns dos efeitos que a adição às redes sociais pode trazer para os jovens de hoje em dia, podendo uma ferramenta construtiva inverter-se rapidamente num instrumento destrutivo, deixando-nos a questão: afinal o Instagram trata-se de um “doce ou veneno”? 

Para mais informações, consulte:

Marta Dias, psicóloga

https://www.psicologiaclinicanalinha.com

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