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11 De Setembro

«Descobri que estava grávida no momento em que tudo acontecia»

Sex, 11/09/2020 - 14:46

Um testemunho a não perder.

11 de setembro de 2001. A data que ninguém esquece. Os ataques terroristas, liderados pela organização islâmica Al-Qaeda, às Torres Gémeas, no World Trade Center, em Nova Iorque, mataram perto de três mil pessoas e muitas mais ficaram feridas e com danos permanentes.

Quem assistiu a tudo em direto na televisão não consegue esquecer as imagens de horror, que ainda hoje permanecem na nossa memória. A NOVA GENTE conta-lhe uma história curiosa de uma portuguesa que descobriu que estava grávida pela primeira vez no exato momento em que tudo aconteceu. Tinha 26 anos na altura.

«Só pensava: ‘Uma nova vida vai nascer e tanta gente a morrer’»

Hoje, com 44 anos, Cândida Sousa não esquece esta data. Estava a trabalhar numa empresa de segurança em Lisboa quando, a 11 de setembro de 2001, decidiu ir até à farmácia mais próxima para fazer um teste de gravidez.

«Eu andava com algumas dores nas mamas e uma colega minha falou-me na possibilidade de estar grávida, insistiu para que fizesse o teste e assim foi», recorda aquela que não imaginava o que estava a acontecer do outro lado do mundo.

«Quando cheguei ao trabalho, as minhas colegas contaram-me o que se estava a passar e fomos ao café ao lado ver na televisão. Eu só pensava: ‘Uma nova vida vai nascer e tanta gente a morrer’…»

«Nunca irei esquecer este dia»

Cândida viveu um misto de emoções. Esta é uma data que ficará sempre na sua memória com um sabor agridoce. «Nunca irei esquecer este dia… Eu, por um lado, feliz da vida porque ia ser mãe e, por outro, triste com a tragédia que estava a acontecer, tanta dor… Lembro-me todos os anos deste dia e a minha filha Maria também, porque contei-lhe a história», conta aquela que demorou até contar a boa notícia que acabara de saber.

«Foi complicado querer mostrar e dizer a toda a família e amigos a felicidade de estar grávida, que ia ser mãe, quando do outro lado do mundo estavam milhares de pessoas a morrer e a sofrer… Dá um grande aperto no coração. Há uma frase que diz: ‘Enquanto morre uma pessoa há outra a nascer’ e eu só pensava, neste caso, eram milhares de pessoas a morrer. Eu sei que a vida é assim, uns nascem, outros morrem, mas para mim, que tinha acabado de receber a notícia de que ia ser mãe, ver na televisão o avião a atingir a torre foi terrível.»

Hoje em dia, Cândida, que é mãe de Maria, de 18 anos, e de Henrique, de 13, vive esta data com muita emoção. «Todos os anos assisto na televisão às homenagens, mas não esqueço que também foi naquele dia que recebi uma das melhores notícias da minha vida.»

 

Texto: Filipa Rosa; Fotos: Arquivo

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