João Ricardo foi muitas coisas na vida. Trabalhou nas obras, foi artista, escritor, ator, até foi sem abrigo. Foi amigo, amante, companheiro, pai … E foi mesmo o papel de pai, o mais importante da sua vida e aquele de que mais se orgulhava. Ele dizia mesmo que Rodrigo, de 12 anos, era mesmo a sua grande paixão e a razão por que nunca teria outros filhos.
«Seria uma traição ao Rodrigo ter mais filhos», afirmou várias vezes. Também chegou a confessar numa entrevista, há cerca de 6 anos, que não se conseguia apaixonar verdadeiramente por ninguém por causa do amor que sentia pelo filho. «Não consigo partilhar o amor que tenho pelo Rodrigo, apesar de ser diferente. Algum dia chegará a pessoa que mexe comigo.»
Rodrigo, o seu companheiro de sempre e para sempre
João Ricardo morreu, esta quinta-feira, dia 23 de novembro. Tinha 53 anos e sofria de um tumor cerebral, ao qual foi operado de urgência no dia 7 de outubro do ano passado e que voltou em maio deste ano, levando-o à morte.
Depois do primeiro «susto», o ator deu algumas entrevistas onde falou de como o filho tratou e cuidou dele naquela fase. «Ele dizia-me que eu não podia beber determinadas bebidas, ou comer isto ou aquilo, e para ter cuidado. Passou a ser responsável por mim. O meu filho é a tábua em que eu me agarro. Tem 11 anos. Precisa de mim e eu preciso dele.»
Educação do filho assegurada
Durante alguns anos, João Ricardo teve uma vida difícil. Viveu na rua, experimentou drogas, chegou a «roubar moedas para comer»… Quem o «salvou» foram Manuel Cavaco e António Parente, diretor da SP Televisão.
E foi precisamente António Parente que garantiu ao ator que vai ajudar a que o seu filho, Rodrigo, tenha todas as condições para continuar a estudar. «Fazemo-lo na certeza de que assim o ajudamos a partir tranquilo», afirmou António Parente à revista TV 7 Dias.
Um livro de amor para que Rodrigo «soubesse o que era o amor romântico»
No meio de tanta coisa que fez na vida, João Ricardo escreveu o livro infantil «Queres Namorar Comigo?», dedicado ao filho para que ele «soubesse o que era o amor romântico», dizia.
«É um testemunho de vida, uma coisa que deixo para o meu filho recordar. Dizem que todos os homens têm que escrever um livro, ter um filho e plantar uma árvore. Uma semente já deixei, é o meu filho, o livro já tenho e vai ser publicado no Dia do Pai, a árvore penso que significa algo maior, e por isso escolhi este desafio”, afirmou em 2011.
Texto: Inês Neves Fotos: D.R.
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