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Crónica de Francisco Guerreiro

Estereótipos: Ao lado de um ser humano está outro

Qui, 10/12/2020 - 06:40

A primeira‑dama não é um cargo de eleição, nem de nomeação; contudo, desempenha um papel significativo na presidência e o mesmo sucede com o segundo‑cavalheiro.

A expressão “por trás de um grande homem há sempre uma grande mulher” pode, e deve, ser substituída por outra: “Ao lado de uma grande pessoa está sempre outra.” As eleições norte‑americanas ficam na história, pois Joe Biden foi o candidato mais votado de sempre. Mas é também a primeira vez que um cão, na Casa Branca, foi adotado de um canil; a primeira vez que uma mulher, negra, de origem indiana, é eleita para o segundo cargo mais importante dos Estados Unidos da América; a primeira vez que existe um segundo‑cavalheiro e que uma primeira‑dama vai continuar com o seu emprego. Destas estreias destaco as duas últimas, pois desconstroem mais estereótipos valorizam o trabalho em equipa.

A primeira‑dama não é um cargo de eleição, nem de nomeação; contudo, desempenha um papel significativo na presidência e o mesmo sucede com o segundo‑cavalheiro. Como não têm deveres designados, é a eles que cabe decidir qual o seu papel. Jill Biden já assumiu que vai continuar a lecionar, mas isto não significa que rejeite desempenhar funções como primeira‑dama e trabalhar em causas na equipa de Joe Biden.

Aliás, mesmo depois de Joe Biden deixar o cargo de vice‑presidente em 2017, Jill continuou o seu trabalho na luta pelos direitos de raparigas e mulheres na Zâmbia, República do Congo e Serra Leoa. Já Doug Enhoff, marido de Kamala Harris, pai de dois filhos e aspirante a chef de cozinha, poderá quebrar também estereótipos, já que é o primeiro segundo‑cavalheiro dos EUA. Isto fez‑me relembrar Gauthier Destenay, o marido do primeiro‑ministro do Luxemburgo, que posou em 2017 para a foto de família das primeiras‑damas numa reunião da NATO. Entre nove mulheres, estava ele.

E estes passos quebram barreiras, quebram estereótipos. Nos EUA, a primeira‑dama ou o primeiro‑cavalheiro fazem parte da equipa do presidente, como acontece em qualquer relação. Assim, espera‑se que sejam capazes de arregaçar as mangas e deitar mãos à obra, pois ao lado de um presidente encontra‑se sempre outro ser humano.

 

Texto: Francisco Guerreiro, Eurodeputado

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